quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Ilída e Odisséia

I. INTRODUÇÃO

   As possibilidades de reconstituição do passado do povo grego foram ampliadas consideravelmente com a utilização dos poemas do autor Homero que são: Ilíada e Odisséia.
   Por muito tempo, o povo grego acreditou no que contava Homero sobre a Guerra de Tróia, causada pelo rapto da bela Helena.
   Esta guerra era muito importante na mitologia grega. Eles acreditavam em vários deuses e cada um tinha a sua história e por isto era natural que acreditassem nesta batalha. Neste sentido, houve trabalhos arqueológicos para chegarem a uma conclusão sobre a veracidade dos poemas de Homero.
  O presente trabalho tem por objetivo apresentar dados sobre a formação do povo grego,  a literatura, a religião, a guerra de Tróia, enfim, tudo que possa ser extraído principalmente dos poemas Ilíada e Odisséia.

2.  A FORMAÇÃO DO MUNDO GREGO - A CIVILIZAÇÃO MICÊNICA

  Os Helenos ou Gregos foram um povo muito importante para a história do mundo. Tinham o nome de Helenos porque foi um homem chamado Heleno, de origem Ariana, que se estabeleceu naquelas terras e formou o povo. Hélade era o nome da terra dos Helenos.
"Os gregos, descendentes de Heleno, filho de Deucalião e Pirra, que povoavam o mundo após o dilúvio. Diziam ser Heleno pai de Dóro, Éolio e Xuto, filho de Xuto. Os filhos e os netos de Heleno deram origem aos quatro ramos do povo da Hélade, nome da Grécia na época clássica". (Souza, 1975, p. 77)
  Provavelmente, os gregos pertenciam aos grupos nórdicos e alpinos de raça branca, que chegaram a Grécia por volta de 2.000 a.C. e cruzaram-se com os primitivos mediterrâneo. Ocuparam toda a península grega a partir de 1.300 a.C., distribuídos nos seguintes grupos: jônios, eólios, dórios e áqueos.
"Os gregos eram altos, brancos, musculosos, cabelos ondulados, olhos grandes, nariz reto, dotados de inteligência criadora, imaginação, sentimento artístico, espírito aventureiro, sóbrios, alegres, otimistas e devotados ao ideal de liberdade" (Souza, 1975 p.78)
  Os gregos inicialmente se organizavam de uma forma comunitária, viviam sob a autoridade de "pater" e seus bens eram produzidos e repartidos em comum, conforme a necessidade.
  Essa organização foi aos poucos se transformando. O crescimento da população não se fazia acompanhar pelo crescimento da produção que era lenta. O sistema começou a se dividir em fatias (pequenas famílias). Consequentemente surgiu o individualismo e a propriedade  privada. Com isto surgem vários tipos sociais: grandes proprietários, pequenos proprietários, indivíduos marginalizados; alguns se dedicam a outras atividades como o artesanato, pirataria e, após evolução passam para o comércio. Os grande proprietários são favorecidos por serem os parentes mais próximos dos "patres", assumem o poder político formam a irmandades que se agrupam formando tribos. A reunião destas, constitui a pólis.
  No início na pólis o poder político era exercido por um rei, com o tempo a nobreza absorveu a autoridade dele e o poder político deslocou-se para um órgão semelhante ao senado (regime oligárquico).

2.1 Tempos heróicos - AGrécia homérica
"Denomina-se 'tempos homéricos' ou 'tempos heróicos' os primeiros tempos da História grega, que foram embelezadas pela imaginação popular, descritos por Homero nos poemas: Ilíada, que narra a Guerra de Tróia, e a Odisséia, que narra as viagem de Ulisses". (Souza, 1975, p.8)
"Nestes dois poemas podemos conhecer a regressão sócio-cultural provada pela invasão dórica e também a vida econômica da Grécia micênica e pós-micênica até o século VII a.C". (Júnior, 1984)
  Na sociedade homérica, simples, quase não havia distinção entre as classes sociais. O trabalho era digno. As famílias estavam unidas por um antepassado comum. Na economia não existia a propriedade privada . A terra era propriedade de todos e a produção repartida segundo as necessidades da comunidade. Nesta sociedade a autoridade era exercida pelo mais velho dos membros do clã: O pater.
  A economia baseava-se na agricultura e na pecuária. A indústria era doméstica. O comércio pouco desenvolvido e na base da troca.
  Ao terminar o Período Homérico, as pressões demográficas, aliadas à escassez de terra, favorecem o desmembramento da comunidade gentílica.
"...entre 2.000 e 1.900 a.C. a Grécia foi invadida e ocupada, permanentemente, por um povo novo, o primeiro a falar a língua grega. Depois de centenas de anos e sem dúvida de fusão com a população nativa, esses invasores gregos caíram sob o encanto da Creta minóica, e a fusão das duas culturas resultou num dos mais brilhantes períodos da civilização em toda a história da Grécia - o período da arte e arquitetura micênica, da expansão comercial e da organização política". (Pagé, apud, LLoyd, 1977)
  Os poemas de Homero são os únicos documentos que mencionam a organização política e social dos gregos nos séculos que se seguiram a invasão dórica e narram acontecimento históricos ou lendários que mostram o contexto histórico no período micênico. Neste período, a vida politica e social da Grécia era dominada pelas grandes famílias da nobreza, cada uma delas constituindo um genos. Seu poder fundamentava-se na solidez dos laços familiares e das instituições religiosas e no monopólio da terra e do gado, as únicas riquezas da época.

3 A LITERATURA GREGA: A EPOPÉIA

  Nada consta em relação a influência recebida pela Grécia, do Oriente, na área das letras, assim como aconteceu  nas artes.
  De concreto temos duas belas obras acabadas, que são os poemas: Ilíadas e Odisséia.
  É interessante imaginar que numa época em que o povo não tinha acesso a escrita os acontecimentos eram transmitidos através da fala (oral). E que esta história ia sendo transmitida de geração em geração.
 Também, podemos verificar que enquanto uns se preocupavam com a guerra, pensando em obter expansão geográfica e consequentemente poder; um ser conta o que sabe em formas de poemas, escrevendo assim: Ilíadas e Odisséia.
 Esses poemas são descritivos, o autor usa uma linguagem simples, natural e são altamente conhecidos, pois são lidos por grande números de pessoas. Ele mistura a ficção com a História; deuses e mortais.
 Estes poemas retratam a vida social e cultural da Grécia arcaica. Eles se reportam às épocas micênicas e pós-micênicas, que vão de XII ao VII século ante de Cristo.
"A Ilíada e a Odisséia eram a Bíblia dos gregos, uma Bíblia politeísta, onde o homem encontrava a continuação terrena dos deuses Olímpicos, e nos fabulosos personagens do poeta heroíco" (Junior, 1984)
  Isto é realmente surpreendente, pois para um leitor que não esta acostumado com a literatura grega pode confundir os personagens mortais com os imortais. Pois os deuses descem com facilidade do Olimpo e se metem na vida do homem, sendo os responsáveis pelo resultado obtido;
  "A Ilíada e a Odisséia, longe de serem somente epopéias, possuíam também o caráter profundo do método educativo e finalidade ideal". (Junior, 1984)
  Estes poemas mostram a evolução da literatura grega. Nelas encontramos uma mistura de dialetos.

3.1 Ilíada

  Conta a história minuciosa da guerra entre gregos e troianos é um poema histórico. Ilíada nome que vem do segundo nome de Tróia. Ilion.
"Em Ilíada Homero descreve a Guerra de Tróia, com detalhes que podem ser fictícios, mas com personagens reais" (Pagé, apud, LLoyde, 1977)
  Ilíada, o mais antigo documento escrito na língua grega, acredita-se que fora escrito entre os séculos  nono e sétimo antes de Cristo.
  As ações da guerra de Troia, não abrangem o longo período de dez anos que durou aquela época. Limita-se aos momentos que antecederam a queda de suas muralhas a que compreendem o curto espaço de dois meses. Começa, quando o sacerdote Apolo, Crises chega ao acampamento dos gregos, que já guerreavam Tróia, a fim de conseguir o resgate de sua filha Criseida, sequestrada por Agamenon. E termina com a morte de Heitor, antes que o famoso presente dos gregos penetrasse as muralhas troianas. E é exatamente a libertação posterior da filha de crises que vai provocar a cólera de Aquiles, pois Agamenon exige que ele recompense com a entrega de Briseida.
  Conforme observamos o motivo de A Ilíada é a cólera de Aquiles pelo rei Agamenon. O objetivo do poema é contar aquela zanga que foi tão forte que levaram centenas e gregos a morte devido à êxito dos Romanos. Aquiles somente acorda daquele estado de raiva quando seu amigo Pátroclo morre.
  Ele é vingado por Aquiles que mata Heitor e amarrando o corpo do mesmo numa carroça arrasta-o vários dias, inclusive em volta da sepultura de Pátroclo. Com a morte deste amigo Aquiles esquece sua revolta  contra o rei Agamenon e regressa à luta, levando pela dor da perda e pela vontade de vingar-se de Heitor.
  Neste poema de Homero aparecem os deuses que são impulsionados pelas mesmas paixões terrenas e misturam-se na luta com suas astúcias e seus poderes, em defesa dos que amam e pela perdição dos que odeiam.
  Os heróis de A Ilíada são personalidade forte, definida, eterna e têm enormes dimensões próprias.

3.2 Odisséia

  É um poema de ficção, que conta a história de Ulisses. Ulisses após lutar na guerra de Tróia, regressa para casa. Mas este regresso é tumultuado, pois alguns deuses estão zangados e tentam impedir seu retorno e outros deuses tentam auxiliá-lo. Essa tentativa de retorno dura um período de dez anos. Sua esposa Penélope o aguarda fazendo uma enorme manta.

4. QUESTÃO HOMÉRICA

  Em outra Era acredita-se que Ilíada e Odisséia eram obra de Homero.

  O autor Souza, afirma que:
 'Segundo Cícero (De oratore, III, XXXIV) Pisístrado teria sido o primeiro a mandar que se dispusessem os poemas homéricos 'na ordem em que se encontravam hoje'".

  Também, conforme comenta o autor Souza, Bowra diz que:
"Seja suficientemente dizer que a Ilíada e a Odisséia foram compostas no século IX ou no Século VII a.C., que seu estilo, construção e índole supõe a existência de um autor único, que não existem nenhuma boa razão para abandonar a tradição antiga e universalmente aceita de que o autor se chama Homero e que procedia do Litoral grego da Ásia Menor".
  Já o autor Lobato, refere-se a Homero sendo:
"Um rapsolo, quer dizer, um pobre diabo que andava pelas ruas cantando versos para viver, como fazem hoje homens do realejo. Além do mais, cego, o coitado - e por isso nunca escreveu os seus poemas. Foram escritos por outras pessoas que de tanto ouvi-los os guardaram de cor. Só depois da morte é que Homero ficou famoso. Nove cidades gregas passaram a disputar a honra de ter sido o berço do cego que em vida andava de porta em porta, declamando seus poemas em troca de esmola".
  Assim, como podemos observar vários autores falam de Homero, mas nenhum responde com precisão quem foi este grande poeta que emocionou os gregos e continua a conquistar leitores de todas as épocas com seus personagens Históricos, mitologias e lendários.
  Sua vida foi contada por Heródoto, Proto, Plutarco e vários outros autores anônimos, mas há muitas lendas sobre ele.
  Nada se sabe ao certo da época e do  lugar em que nasceu e da  sua vida.
  Homero descreve personagens ideais, heróis, filhos de deuses, capazes de matar, odiar e ao mesmo tempo perdoar e chorar.
  É o caso de Aquiles que sente rancor pelo Rei Agamenon, chora por Pátroclo, Odeia e mata Heitor. E sente piedade pela dor do Pai de Heitor (Pária).
  Até hoje não sabemos as origens destas histórias contadas por Homero, mas acreditamos que a Odisséia seja um poema de ficção e Iliáda poema Histórico e também lendário. Que foram cantados e transmitidas por várias gerações e talvez por isto tenham personagens históricos e fatos lendários.
  Nenhum leitor deve ter dúvidas quanto a importância destes documentos, pois narra a vida política, social e religiosa do povo grego. É interessante de observar que eles acreditavam em vários deuses. E que estes deuses tinham os mesmos sentimentos dos mortais,  tais como: amor e ódio. E que tudo que acontecia com o homem era porque os deuses estavam alegres (acontecimentos bons) e tristes e zangados (acontecimentos ruins).

5 A GUERRA DE TRÓIA

  O autor Lobato, conta que:

  Esta guerra se deu cerca de mil e duzentos anos antes de Cristo nos começos de Idade do Ferro.
  Conta-se que tudo começou numa grande festa entre os deuses do Olimpo, e estavam todos banqueteando-se quando uma deusa, que não era convidada, resolveu vingar-se de um modo especial - lançando à mesa um pomo de ouro com estas palavras:
  "A mais bela"!
  A deusa que teve esta lembrança era a deusa da briga, e não fora convidada justamente para que reinasse paz na festa. Pois com a idéia do Pomo, a maldade conseguiu imediatamente despertar a vaidade de todas as deusas ali reunidas visto que cada qual se julgava a única merecedora da fruta.
  O meio de resolver o caso foi mandar vir da terra um pastor de nome Páris, que decidisse qual a mais bela. Imediatamente as deusas trataram de seduzir o Juiz. Juno prometeu fazê-lo rei, Minerva prometeu dotá-lo de grande sabedoria e Vênus, a deusa da beleza, prometeu-lhe o amor da mulher mais bela do mundo.
  Páris não era um simples pastor e sim filho de Príamo, o rei de Tróia, uma cidade que ficava perto da Grécia, do outro lado do mar. Em menino fora abandonado numa montanha para morrer no dente dos lobos; mas um casal de pastores o salvou. Agora estava no Olimpo, como juiz desempatador num concurso de beleza.
  Entre ser um rei ou um sábio, e ser marido da mulher mais bela do mundo, Páris não vacilou - e portanto entregou o pomo a Vênus. Essa sentença deu origem a uma série de calamidades, cujo desfecho foi a destruição de Tróia. A mulher mais bela entre os mortais era Helena, que já estava casada com Menelau, rei da Esparta, uma das cidade da Grécia. Vênus aconselhou Páris a raptar Helena.
  Páris foi a Esparta, onde Menelau o recebeu com todas as honras e hospitalidade. Apesar disso fugiu de noite com Helena e atravessou o mar, rumo a Tróia.
  Menelau e todos os gregos, furiosíssimos com aquilo, preparam uma expedição contra a cidade de Tróia, para se vingarem de Pária e arrecadarem a princesa fugitiva. Naquele tempo as cidades eram cercadas de muralhas, e como não houvessem canhões nem pólvora, tornava-se difícil penetrar nelas. Os gregos sitiaram Tróia durante dez anos, sem nada conseguirem. Por fim, resolveram recorrer a um estratagema, construíram um enorme cavalo de madeira, que puseram junto aos muros, em seguida retiram-se com armas e bagagens dando todos os sinais de que desistiram de tomar a invencível Tróia. Logo que os gregos desapareceram, os tiranos abriram as portas e foram admirar o cavalo. Imediatamente surgiu  a idéia de recolherem dentro da cidade. Um sacerdote de nome Laocoote opôs-se, alegando que o cavalo de nada adiantava na cidade, além de que podia ser uma armadilha. Os troianos que estavam ansiosos por aquele troféu de guerra, não lhes deram ouvidos. Logo depois Laocoonte com mais dois filhos foram enlaçados e asfixiados por duas enormes serpentes suicidas do oceano.
  O povo viu nisso sinal de que até os deuses estavam danados com ele por não querer o cavalo dentro da cidade - e sem mais vacilações recolheram o animal de pau. Para isto tiveram de derrubar um pedaço da muralha.
  Tudo ocorreu muito bem, mas à noite uma portinhola na barriga do cavalo se abriu e por ela começaram a sair os melhores soldados gregos. Saíram e correram a tomar conta das portas. Ao tempo em que isto acontecia, as forças gregas, se haviam retirado, principiaram a voltar. Pela manhã atacaram a cidade, entraram pela brecha feita para dar passagem ao cavalo e trucidaram todos os seus defensores e habitantes. Depois lançaram fogo às casas e retiraram-se para a Grécia, levando consigo a fugitiva Helena que ficou com o seu esposo Menelau e viveram felizes para sempre.
  Tudo isto é contado nos Poemas de Homero chamado Ilíada.
  A guerra de Tróia fazia parte  da mitologia grega, no qual os gregos acreditavam nos diversos deuses e seus poderes.

  Conforme o autor Souza, 1991, afirma que:
"A guerra de Tróia parece ser uma criação da poesia épica, fruto da liberdade e do exagero, características da poesia oral exemplificada pela Ilíada e pela Odiséia".
  No entanto o autor Correa, afirma que:
"A disputa pelas terras vizinhas do Mar Negro, ricas em minério e trigo, deu origem à guerra entre gregos e troianos. Segundo a lenda, a causa da luta foi o rapto de Helena, esposa de Menelau, rei de Amicléia, futura Esparta, pelo príncipe troiano Páris." 
  Como verificamos a muitas dúvidas sobre a veracidade dos fatos contados por Homero, acredita-se que o poeta fez um mistura de realidade e fantasia.

 6  A RELIGIÃO GREGA

  Os gregos não tinham somente um Deus. Eram politeísta, não se preocupavam com a vida além-túmulo, rituais complicados com o objetivo de obter recompensas materiais.
  Os gregos imaginavam seus deuses como seres humanos violentos, sanguinários, artificiais, invejosos, imorais, havendo entre eles parentescos, casamentos, rivalidades e união. Tornaram-se mesquinhos, muitas vezes castigando aqueles que eram completamente felizes.

6.1 Os deuses

   Conforme o autor Lobato, 1993,  os gregos possuíam doze deuses principais. E, um certo número de deuses menores, que moravam no Monte Olimpo, a mais alta montanha do Norte Grécia sempre coberta de neve, onde os deuses se reuniam para discutir os negócios do mundo. Zeus dirigia as reuniões, lá viviam uma vida muito semelhante a dos homens, tinham o mesmo temperamento e as mesmas paixões das criaturas humanas. A única diferença era que, como deuses, podiam mais que os homens, O alimento deles chamava-se ambrosia e sua bebida, néctar.
  O pai de todos e o mais poderoso era Zeus ou Júpiter. Sentava-se num trono com uma águia aos pés, tendo na mão o raio, isto é, um ziguezague de fogo. Quando queria se vingar de alguém, arremessava este raio, seguido de um trovão. Ele era protetor da justiça, da hospitalidade e do governo, filho de Crono e de Réia. Depois vinha Hera, ou Juno, mulher de Zeus e a primeira das deusas. Juno, deusa protetora do matrimônio e do nascimento, que presidia a todas as manifestações da vida familiar. Juno sempre trazia consigo um pavão. Depois havia posseidon, ou Neturno, que era irmão de Zeus e governava os mares num carro puxado por uma parelha de cavalos-marinhos, tendo na mão o tridente - enorme garfo de três pontas. Neturno provocava tempestades, ou fazia as tempestades cessarem com uma simples pancada do tridente nas ondas. Havia Hefesto ou Vulcano, o deus do fogo. Era um ferreiro manco, que trabalhava na oficina dentro da terra. A fumaça da sua forja saia pela cratera dos vulcões que se chamaram assim por causa dele: Vulcano.
  Havia Apolo, deus da luz, da poesia, dos rebanhos e dos oráculos. Era o mais belo de todos e governava a luz e a música. Todas as manhãs Apolo aparecia no horizonte guiando o carro do sol e dava volta no céu para iluminar o mundo. Havia Artemis ou Diana, irmã gêmea de Apolo, deusa da lua e das calçadas. Diana vivia de arco e flecha em punho, perseguindo os animais. Havia Ares ou Marte, o terrível deus da guerra, que só estava satisfeito quando via os homens a se matarem uns aos outros. Havia Hermes ou Mercúrio o mensageiro dos deuses, o leva-e-traz. Tinha assas no capacete e usava uma vara mágica de paz, que posta entre duas pessoas em luta imediatamente as fazia amigas. Conta-se que uma vez viu duas cobras engalfinhadas e interpôs a vara mágica para as separar. Em vez de se separarem, as cobras enlearam-se na vara e nunca mais dali saíram. Chamava-se caduceu essa vara mágica de Mercúrio.
  Havia Atena ou Minerva, a deusa da sabedoria, que nasceu de um modo muito especial. Júpiter teve uma dor de cabeça terrível, que não passava com aspirina nenhuma. Desesperado, chamou Vulcano para que lhe rachasse a cabeça com um golpe de malho. Vulcano obedeceu; mas em vez de ficar a cabeça de Júpiter em papas, deixou escapar, armado de escudo e lança a sua filha Minerva.
  Havia Afrodite ou Vênus, deusa da beleza, do amor, nascida da espuma do mar, mãe de Erós ou Cupido, habilíssimo em flechar corações com flechas invisíveis. Havia Vesta, a deusa do lar e da família. Havia Demeter ou Ceres, deusa da agricultura. Havia Plutão, irmão de Júpiter, que tomava conta do inferno. Existiam ainda deuses menores e os semi-deuses. Como os três Parcas, das Três Graças, das nove musas.
  A religião grega era alegre e poética. Em vez de adorarem os deuses, os gregos chamava-os sempre que tinham necessidade de auxílio. Também lhes fazia sacrifícios isto é, ofertas de animais ou coisas. Matavam animais e os queimavam, ou altar, para que a fumaça fosse enternecer o nariz dos deuses do Olimpo. Durante esses sacrifícios prestavam atenção a tudo quanto se passasse em redor, a fim de descobrir algum indício de que os deuses estava se agradando ou não. Estes indícios chamava-se presságios. Um bando de aves que voasse no momento, um trovão que trovejasse, um raio que caísse. Tudo eram presságios, bons ou maus, conforme a interpretação dada.

6.2 Oráculos
"Perto da cidade de Atenas, que era a principal da Grécia, erguia-se, nas ruas encostas do Monte Parsano, uma cidadezinha de nome Delfos. Em seus arredores havia uma racha na montanha donde escapava um gás, tido como hálito de Apolo. Esse gás deu origem à instituição do famoso Oráculo de Apolo em Delfos. Uma sacerdotisa, ou pinotisa, sentava-se numa trípode, ou banquete de três pernas, colocada no mais forte do gás. Passados uns minutos, a ação do gás a fazia cair em estado de delírio. Era então consultada por um sacerdote, e suas respostas, em geral confusas ou sem sentido como as de todas as criaturas fora de si, eram interpretadas, valendo como respostas do próprio deus Apolo. Vinha gente de muito longe consultar o afamado Oráculo de Delfos, que na maior parte das vezes dizia as coisas de modo a tanto poder ser carne como peixe. Um rei, por exemplo, o consultou sobre o resultado da guerra declarada a outro rei. O oráculo respondeu que um dos reinos iria cair". (Lobato, 1993)
6.3 O culto

   Os deuses, quando esquecidos, ficavam irritados, e satisfeitos quando lembrados. Numa passagem do livro de Ilíada o poeta conta que o rei Agamenon fez oferta a um deus depois da volta de Aquiles ao combate.
  Cada família tinha seus deuses particulares e estava unida pelo culto cotiniano rendido a Zeus, protetor da casa, e ao espírito dos antepassados. O culto aoantepasssado não devia interromper nunca. O Pai é o sacerdote do culto familiar. Os estrangeiros estavam dispensados desse culto,
"Acreditavam os gregos que as almas atravessavam os rios infernais conduzidas pela barca de caronte e compadeciam diante de um tribunal. O virtuosos ia para os campos Elisios e os maus para o reino de Tártaro", (Lobato, 1993)
6.4 A formação dos mitos

  Os gregos imaginavam seus deuses e lhes atribuíam personalidades, uma história e muitas aventuras. Muitos homens notáveis ficaram sendo conhecidos como semi-deuses. Os poetas e os artistas modelaram a imagem definitiva dos deuses. Homero definiu e caracterizou sua personalidade. Hesiodo, autor de "teogonia", relacionou seus laços de parentescos.

6.5 A origem do mundo na mitologia grega

  Conforme o autor Souza, 1975, no início tudo era caos. Libertaram-se, depois, Nix (a noite do alto) e seu irmão Érebo (obscuridade dos infernos). Os dois, pouco a pouco, foram se separando. Nix instalou-se numa imensa esfera que se dividia em duas metades: Urano (abobada celeste) e Gea (terra). Da união entre Urano e Gea nasceram os poderosos titãs, os ciclopes, os monstros com braços, os gigantes e outras divindades fantásticas distribuídas sobre a terra. Cronos destronou seu pai Urano e se converteu no soberano do Universo e devorador dos seus próprios filhos. Zeus, seu filho menor, foi salvo  por Réia, sua mãe.
  Zeus, depois de vencer os titãs e os gigantes, tornou-se senhor do Universo. Começa a era dos filhos de Cronos.

6.6. A origem do homem

  O autor Souza, 1975, afirma que: "Atribui-se a criação do homem ao titã Prometeu, que roubou o fogo de Zeus, transformando com ele os seres humanos de irracionais em racionais. Zeus, zangado, castigou Prometeu mantendo-o acorrentado nas montanhas do Caucaso. Os homens foram exterminados por um dilúvio. Somente Deucalião, filho de Prometeu e sua mulher sobreviveram. Nasceu assim uma nova humanidade. Outro castigo de Zeus deu aos homens foi o seguinte: reuniu todos os males do mundo e os colocou numa caixa de madeira. Pandora, famosa por sua beleza e curiosidade, abriu a caixa, espalhando entre os homens as desgraças e os sofrimentos".

7  CONCLUSÃO

  Nos capítulos anteriores, tentamos apresentar e discutir, de forma sintética a importância das descrições feita por Homero em seus poemas.
  Ora, num período no qual a História era quase desconhecida (obscura), Homero é uma luz, para descobrirmos o passado grego.
  Sobre o período micênico e pós-micênico foram feitas várias pesquisas arqueológicas, inclusive para averiguar se realmente aconteceu a guerra de Tróia. Naquela época era comum os povos entrarem em conflito para obter expansão geográfica e, é bem possível que tenha existido esta guerra. Não pelos motivos citados pelo poeta, mas para conquistar terras, poder.
  No período micênico o povo vivia em comunidades, com o crescimento demográfico esta organização se transformou, surgindo o individualismo e a propriedade privada.  Quem tinha terras, tinha poder político.
  A terra não era para todos, mesmo quando tinham dinheiro para comprá-la. Ela era escassa. A conquista de terras era motivo de conflitos.
  Homero escreveu sobre os reinados, a religião, economia e vários outros aspectos que ajudou a decifrar o passado, no entanto, ele é um enigma indecifrável. Até hoje quase nada se sabe sobre ele. Tudo o que sabemos é que deixou duas obras importantes e belas que são:  Ilíada e Odisséia.

8 BIBLIOGRAFIA

JÚNIOR, João Ribeiro. Grécia Mitológica. Campinas, Papiro, 1984
LLOYD, Jones Hugh, coordenador. O Mundo Grego. Rio de Janeiro, Zahar, 1977.
LOBATO, Monteiro. A História do mundo para crianças, São paulo, Brasiliense, 1992, 178 p.
SOUZA, Marcos Alvito. A Guerra na Grécia Antiga, São Paulo, Atica, 1988.
SOUZA, Osvaldo Rodrigues. História Geal,São Paulo, Editora Abril, 1975.

8.1 Obras consultadas

HOMERO. Odisséia, Tradução de Mendes, Manuel Odorico, São Paulo: Artes Poéticas, EDUSP,                1992.
HOMERO. A Ilíada. W.M. Jackson, Rio de Janeiro, 1953.
JARDÉ, Auguste. A Grécia Antiga e a vida grega, São Paulo, EPU, 1977
MELLO, Leonel Itaussu Almeida, História Antiga II - Ilíada e Odisséia.
OHLWEILER, Alcides Otto. A religião e a filosofia no mundo grego-romano. Porto Alegre, Mercado Aberto, 1990










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