Este caneco representa a participação dos orizicultores, no Encontro Estadual, realizado em 09 e 10 de fevereiro de 1974, com a promoção do Clube literário recreativo e a Cooperativa Agrícola Rio Pardo LTDA.
SÍNTESE DA HISTÓRIA DE RIO PARDO...
(segundo autores publicados e referenciados)
RIO PARDO é um município situado à margens do Rio Jacuí, que remonta aos primórdios do Rio Grande do Sul, um dos mais antigos do nosso Estado. É cortado transversalmente por este rio, que corre no sentido oeste-leste e no sentido norte-sul pelo Rio Pardo, de onde vem seu nome, devido às águas pardas deste afluente do Rio Jacuí, que só é navegável em épocas de cheias. Inicialmente, no século XVII e XVIII, compreendia quase 157.000 quilômetros quadrados , mais da metade do território do Estado, de onde se desmembraram mais de 200 municípios rio-grandenses. Localiza-se a aproximadamente 145 km de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul (no extremo sul do Brasil) e a 35 km de Santa Cruz do Sul, cidade vizinha de colonização alemã.
Rio Pardo teve grande importância na história do Rio Grande do Sul pela guarda e expansão das fronteiras ao sul do Estado. Para tanto, esta cidade histórica essencialmente militar no início, construiu o Forte Jesus-Maria-José (1752) , chamado mais tarde de ''Tranqueira Invicta'' por jamais ter sido tomado, por causa das divergências existentes entre portugueses e espanhóis.
Quando os portugueses e espanhóis disputavam este território, os índios tapes já há muito habitavam a região, depois de civilizados pelos jesuítas espanhóis das Missões Orientais, por volta de 1633. O bandeirante Antônio Raposo Tavares, comandando paulistas e índios tupis, atacou as reduções jesuítas em 1636, destruindo tudo aquilo que os religiosos tentaram civilizar e deixando as reduções fora da civilização por quase 100 anos. Em 1715 chegaram os primeiros colonizadores portugueses avulsos e em 1750, com o Tratado de Madrid entre Portugal e Espanha, os limites da cidade tiveram origem.
A construção do Forte Jesus-Maria-José marcou a chegada dos primeiros colonizadores açorianos que foram povoando a cidade inicialmente em volta do Forte.
De 1752 a quase 1787, os açorianos dedicaram-se basicamente a agricultura e gado. O comércio também cresceu bastante nesta região que foi sede do Regimento dos Dragões. Este Regimento chefiado pelo Tenente-Coronel Tomáz Luiz Osório, que era tropa de cavalaria, foi enviado para Rio Pardo em 1754 para ajudar os portugueses nos constantes ataques dos espanhóis ao Forte. O governador de Buenos Aires, Dom Pedro Cevallos, não conseguiu tomar o Forte de Rio Pardo, batendo em retirada completamente desmoralizado e hostilizado por Rafael Pinto Bandeira, o Tenente dos Dragões, em 1763. Sepé Tiarajú comandou o ataque dos índios tapes ao Forte, que resistiu mais uma vez. Os militares que ali residiam, iam recebendo sesmarias e assim Rio Pardo ia se povoando e possuindo agora também homens de posse. Em 1789, inicia-se o ciclo da pecuária intensiva devido ao volume de sesmarias que estava aumentando.Em 1807 então foi criada a Capitania de São Pedro e em 7 de outubro de 1809, através do Decreto Real assinado por D.João VI, foi criado o município de Rio Pardo, juntamente com outras 3, Rio Grande, Porto Alegre, e Santo Antônio.
A partir daí o município que abrangia mais da metade do Estado, foi originando a maiorira dos outros municípios, perdendo grande parte de suas terrras. Defendeu sempre o Estado das invasões feitas pelo sul. Dalí partiam expedições que iam nos proteger dos espanhóis. O porto fluvial foi responsável por anos e anos de sucesso e prosperidade. A cidade era ponto de partida para o abastecimento das estâncias que foram se formando ao seu redor. Índios tapes, jesuítas espanhóis, bandeirantes, índios tupis, comerciantes, forasteiros, militares de todos os lugares, portugueses, espanhóis, açorianos, escravos negros...todos fazem parte das etnias da região. A arquitetura sofreu forte influência da colonização açoriana e portuguesa.
Em 1834, ocorreu a transferência do Regimento dos Dragões para Bagé. De 1835 a 1845, a Guerra dos Farrapos. Em 1846, Rio Pardo foi elevada à categoria de Cidade. Em 1877, perde parte de suas terras para o município vizinho de santa Cruz do Sul, de colonização alemã.
A partir de 1846, a cidade recebeu várias visitas da Família Real. Neste ano, o Imperador D.Pedro II e a Imperatriz Dona Tereza Cristina, visitaram Rio Pardo em viagem de pacificação, depois do final da Guerra dos Farapos. Em 1865, a segunda visita de D. Pedro II à cidade foi acompanhada de o Conde D'Eu, Gastão de Orléans, esposo da Princesa Izabel. Em 1885, o Conde D'Eu volta com a Princesa Izabel.
Em 1883 foi inaugurada a Ferrovia que vai da Margem do Taquari a Cachoeira, passando por Rio Pardo. Em 1885 foi a vez da Estrada de Ferro, que vai de Porto Alegre a Santa Maria, tirando a importância dos portos fluviais de Rio Pardo, abalando o comércio e transformando a cidade em uma economia baseada na agricultura e na pecuária. Em 1910 a pecuária está em franco progresso e a agricultura se desenvolve. De 1925 a 1945, a cidade de Rio Pardo entra em um período de estagnação e começa a decair, enquanto as zonas de colonização alemã e italiana começam a prosperar assombrosamente. Em 1950 foram instalados engenhos de beneficiamento de arroz. Em 1954, o calçamento da Rua da Ladeira, hoje Júlio de Castilhos, foi tombada pelo Patrimônio Histórico Nacional. Foi a primeira rua calçada do Estado.
Rio Pardo não foi oficialmente a Capital do Estado, mas foi sede de vários governos
Os minerais e vegetais existente são: calcário, caulim, feldspato, quartzo, óxido de ferro, carvão de pedra e áreas de matas reflorestadas.
Seus limites são: ao norte: Santa Cruz do Sul , Candelária e Venâncio Aires / ao sul: Encruzilhada do Sul / ao leste: General Câmara e São Jerônimo / ao oeste: Encruzilhada do Sul e Cachoeira do Sul.
Rio Pardo tem 2 símbolos: o Brasão criado em 1954 e a Bandeira criada em 1957.
A Escola Militar , construída de 1846 a 1880, recebeu sucessivas denominações de 1885 até 1903, quando foi transferida para Porto Alegre: de 1885 a 1888 - Escola de Tiro / em 1890 - Escola Tática de Tiro / em 1891 - Escola Prática do Exército / em 1898 - Escola Prreparatória de Tática (quando teve alunos como Mascarenhas de Moraes, Getúlio Vargas, Eurico Gaspara Dutra) / em 1903 - já como Escola Preparatória de Tática, foi transferida para Porto Alegre.
Em 1905 instalou-se em Rio Pardo a Escola de Aplicação de Infantaria e Cavalaria, transferida em 1911 para o Rio de Janeiro. Foi a última Escola Militar de rio Pardo. De 1911 a 1927, novamente o prédio da Escola Militar serviu de quartel das tropas do Exército. Em 1930 foi adquirido pelas irmãs do Imaculado Coração de Maria, para a instalação da Escola Auxiliadora que alí funcionou até 1974, quando foi doado para o Governo do Estado.
Esta cidade histórica responsável pela guarda e expansão das fronteiras do sul do Rio Grande do Sul e do Brasil, na América Latina, tem somente 3 bens históricos patrimoniais tombados:
- Rua da Ladeira, hoje Júlio de Castilhos, construída em 1813 com grandes pedras irregulares e com escoamento central copiando a ''Via Appia'', ligando o antigo Forte Jesus-Maria-José ao centro da cidade - tombada em 1954 pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional do Brasil;
- Igreja da Matriz Nossa Senhora do Rosário, cosntruída em 1779, em 7 altares e 16 metros de pé direito e sacadas para os nobres assistirem às missas e eventos, tombada pelo Patrimônio Municipal de Rio Pardo em 1978;
- Escola Militar, construída de 1846 a 1880, tombada pelo Patrimônio Histórico Estadual em 1983.
Outros bens históricos não tombados , porém importantes são: o Forte Jesus-Maria-José
( ''Tranqueira Invicta'') construído em 1752 / a Capela São Francisco construída em 1755, uma das mais antigas da história colonial, tem 7 imagens da Via Sacra e 1 imagem de Nossa Senhora da Boa Morte, todas em tamanho natural, que constituem o Museu de Arte Sacra da capela São Francisco que também não é tombado / o Museu Municipal Barão de Santo Ângelo, casa em estilo português do século XIX que ainda tem uma senzala para escravos domésticos. Neste sobrado de 2 andares nasceu e viveu o Almirante Alexandrino de Alencar, Ministro da Marinha e do Supremo Tribunal , entre 1906 e 1922 / a Estrada de Ferro que ainda possui a caixa d'água de ferro de abastecimento do trem / o sobrado de 2 andares onde funcionava o Forum na rua principal / o Casarão Amarelo da esquina da Rua da Ladeira / e outros bens históricos que avalizam a nossa história e perpetuam a nossa memória.
Biaggio Tarantino, grande historiador nascido em Rio Pardo (1903-1973), filho de Nunziato Tarantino (nascido na Itália) e Capitulina Tarantino (nascida em Encruzilhada do Sul), foi um grande defensor desta Cidade Histórica.
Fundou o Museu de Arte Sacra da Capela São Francisco, o Museu Municipal Barão de Santo Ângelo, a Bilbioteca Municipal, o Arquivo Histórico. Foi o responsável pelo tombamento da Rua da Ladeira em 1954, pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Depois de uma vai-e-vem incessante ao Rio de Janeiro, mesmo contra a vontade do prefeito na época que foi radicalmente contra o tombamento, Tarantino conseguiu por seus próprios esforços este grande feito, enquanto já haviam sido arrancadas metade das pedras da Ladeira para dar lugar à pavimentação moderna e servir de alicerce para imóveis. Foi Secretário do Turismo e Vereador da Cidade; e também Conselheiro do Conselho de Educação e Cultura pelo Governador Euclides Triches.
Outro grande defensor da Cidade, foi o Prefeito Fernando Wunderlich, prefeito 2 vezes: 1956-1959 e 1977-1981. Em 1890 foi mandado buscar na Alemanha o 1º imigrante Wunderlich, especializado em Usinas, que deu origem a numerosa e profícua família. A Igreja da Matriz Nossa Senhora do Rosário foi tombada pelo Município em seu governo, em 1978,com base em Lei Municipal de sua autoria. Foi então instituído o Livro de Tombamento com o 1º Registro de Tombamento Municipal, em missa solene com muitos festejos. Fernando Wunderlich louvou-se na Legislação de Porto Alegre/RS, no que se refere a Tombamento.
Graças também a sua iniciativa, foi erguida uma Lápide com a Planta da Fortaleza Jesus-Maria-José , onde outrora existiu o Forte e hoje só restam 3 canhões. O desenho é de Francisco Riopardense de Macedo e a execução é de J.J. de Assis Machado. A Planta consiste em: Praça das Armas, Casa do Governo, Igreja/Sacristia/Cemitério, Corpo da Guarda, Casa da Pólvora, Casa de Reabastecer, Armazém de El Rei, Quartéis de Soldados, Munições, Casa de Moradores, Curral (cavalos e rezes), Escala para o Porto, Praças Baixas, Praças Altas,
Pau da Bandeira.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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BARBOSA LESSA, Luis Carlos. Rio Grande do Sul : prazer em conhecê-lo.
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COSTA E SILVA, Riograndino da . Notas à margem da História do Rio Grande do Sul.
Porto Alegre, Globo, 1968.
FERREIRA FILHO, F. História do Rio Grande do Sul. Porto Alegre,
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FLORES, Moacyr. História do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, Martins Livreiro, 1986.
(Série História Gaúcha, 3)
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Enciclopédia dos Municípios
Brasileiros: Rio Grande do Sul. Rio de Janeiro, IBGE, 1959. v.34. p.133-48.
LIMA, Alcides. História Popular do Rio Grande do Sul. 3.ed. Porto Alegre,
Martins Livreiro, 1983.
QUEVEDO SANTOS, Júlio Ricardo e TAMANQUEVIS SANTOS, José Carlos.
Rio Grande do Sul : aspectos da História. 2.ed. Porto Alegre,
Martins Livreiro, 1990.
RESENDE, Marina de Quadros. Rio Pardo : História, Recordações, Lendas. 3.ed.
Rio Pardo, 1993.
RIOPARDENSE DE MACEDO, Francisco. O Solar do Almirante: História plea Arquitetura.
Porto Alegre, UFRGS/IEL, 1980.
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