quarta-feira, 1 de outubro de 2014

O MENINO DO BOSQUE

BIBLIOTECA INFANTIL Nº 78
AUTOR RENATO SÊNECA FLEURY
4ª EDIÇÃO
EDIÇÕES MELHORAMENTO


Há muito e muitos anos, tantos que deles já se perdeu a conta, morava numa choupana, no fundo de enorme floresta, um pobre lenhador.
Era viúvo e tinha seis filhos.
Estes quase que haviam sido criados sem mãe, pois quando ficaram órfãos, eram pequenos. O último tinha pouco mais de um ano, e o mais velho, doze.
O lenhador chamava-se Antônio. Era bom homem, trabalhador, sério, dedicado para os filhos.
Embora já idoso, tinha forças para trabalhar de machado em punho muitas horas, todos os dias.
Derrubava as árvores já velhas e secas, picava a lenha, amarrava os feixes e ia vendê-los na cidade, transportando-os no lombo de uns burrinhos, que possuía.
Tratava-se muito bem deles, dando-lhes água limpa e fresca, bom milho e farelo, alfafa e capim. Não batia neles com o chicote, mas, quando iam devagar pela estrada, dava-lhes palmadinhas nas ancas e, com palavras de animação - upa! vamos! conseguia que se pusessem a passo mais ligeiro.
O chicotinho era só para  satisfazer a um antigo costume: fazê-lo estalar bem alto quando algum dos burrinhos, fazendo-se teimoso, demorava-se a comer as ervas da beira do caminho.
- Comilão! gritava o Antônio, a rir, nessas ocasiões. Quem te vir comendo esse matinho, há de pensar que lá em casa não tens milho, nem alfafa...
Os filhos do lenhador ajudavam-no a trabalhar. Os mais velhos, principalmente, já moços e fortes, também deitavam abaixo as velhas árvores secas, picavam a lenha e faziam os feixes.
O serviço era perigoso. Qualquer descuido, ao derrubar uma árvore, podia ser a morte do lenhador.
Tanto o pote vai à fonte que lá um dia se quebra, diz o provérbio popular.
Antônio, certa vez, foi apanhado por uma árvore e sofreu graves ferimentos, que o impediram de trabalhar e lhe causaram grave doença.
Convencido de que morreria, o pobre homem começou a ter remorsos de algumas ações más, que tinha praticado. Lembrava-se tristemente de sua mãe e do mal que fizera, fugindo de casa para nunca mais voltar! Coitada! Deveria ter sofrido muito. Nunca teve notícias dela. Talvez estivesse morta...
O arrependimento muda uma pessoa, transforma defeitos em virtudes.
Foi o que sucedeu. Antônio, que nunca pensara em educar os filhos, agora começou a esforçar-se por lhes dar conselhos e exemplos, procurando também lembrar-lhes os deveres para com Deus.
Os cinco filhos mais velhos não lhes davam ouvidos. Já estavam moços, criados, julgavam-se homens e entendiam proceder como quisessem.
O pai desanimou, reconhecendo que já era tarde para fazer que eles mudassem de idéia.
O mais moço, ainda menino, esse sim: ouvia o pai e ia se tornando um belo caráter.
Chamava-se Conrado.
Estava sempre ao lado do pai, dando-lhe remédios, alimentos e consolando-o.
Os outros mal perguntavam se o pai estava melhor. Era-lhes indiferente o sofrimento do velho.
Conrado tinha um bonito cão, forte e valente, chamado Piloto.
O fiel animal estava deitado a seus pés, enquanto o menino ouvia os conselhos do pai. Este contava muitas coisas de sua vida passada, para que o filho compreendesse como devia proceder para não cair em falta ou erro.
Uma tarde o pai disse ao Conrado:
- Menino! Fui imprevidente por ter descuidado da educação de teus irmãos. Hoje eles não querem ouvir-me e tratam-me com desprezo. A verdade, porém é que mereço esse tratamento. Sou o único culpado.
- Não diga isso, meu pai. Eu acho que a culpa é deles mesmo. Sempre é tempo de a gente se corrigir!
Respondeu o pai:
- Não faças a outros o que não queres que te façam. Meus filhos estão me fazendo o que eu fiz a minha mãe... Quanto me arrependo de não ter sido bom filho!
E contou:
- Minha mãe, pobre viúva, que precisava de mim, morava nesta grande floresta, a uma distancia de dez dias a contar daqui onde vivemos. Um dia fugi de casa para nunca mais voltar. Não tornei a vê-la e com certeza não a verei jamais!...
- Ela ainda está viva? perguntou Conrado.
- Deus o sabe! Penso que tenha morrido. Se viver, está bem velhinha. Viva ou morta, sei que não poderei revê-la, pois me sinto à beira da morte. Desejaria, entanto, que ela, se for viva, soubesse do meu grande arrependimento por ter procedido tão mal, abandonando-a quando mais precisava de mim.
Pouco tempo depois, agravando-se a moléstia do lenhador, ele fechou os olhos para sempre.
Os Cinco irmãos de Conrado não gostavam dele, por ter outros sentimentos e um modo de pensar e proceder muito diferente.
O menino, por exemplo, achava que os irmãos não deviam meter-se a caçar em propriedades particulares e muito menos nas terras do rei.
A floresta era imensa, Por que invadir alheias terras, contrariando a lei? E se fossem agarrados pelos guardas e presos?
Os cinco rapazes remordiam-se quando ouviam as censuras do pequeno. Chamavam-lhe medroso, tolo, e mau irmão, porque em vez de apoiá-los, reprovava o que faziam.
Morto o velho pai, trataram de desfazer-se de Conrado, cuja companhia lhes era incomoda...Receavam mesmo que o menino os denunciasse.
- Que faremos? perguntou o mais velho.
- O melhor será levá-lo a um lugar bem distante e abandoná-lo à própria sorte. Deus, com certeza, há de protegê-lo, pois o pequeno tem muita fé...
- Uma coisa, porém, precisamos fazer, disse outro. Será necessário prender o Piloto. Do contrário, o cão saberá guiar o Conrado de volta à casa.
Confabularam calmamente, sem avaliar a maldade que planejavam. Pouco se lhes dava o que pudesse acontecer ao pequeno Conrado.
Lobos, serpentes, tempestade, desastres, o medo que a floresta dá, principalmente à noite, até mesmo a um homem, que importam? Ele que se aguentasse! Quem o mandou não combinar de gênio com os irmãos?
Tudo resolvido - isto foi à noite, enquanto o pequeno dormia - levantaram-se de madrugada, prepararam alguma comida, acordaram o irmão e obrigaram-no a montar num burrinho. Seguiram todos.
- Para onde vamos? perguntava Conrado, sem de nada suspeitar, supondo apenas que iam à caça em lugar distante, na floresta.
Nada lhe diziam sobre isso, e apenas lhe ordenavam que ficasse quieto.
- E o Piloto? Por que não o trouxeram? Ele poderia ser um bom companheiro!
O Piloto ficara em casa, amarrado a uma corda. Mas nada disseram a Conrado.
Lá se foram pelos estreitos caminhos, que seguiam pelo meio da mata. Atravessaram valados, cruzaram regatos, subiam ladeiras, beiravam precipícios, tudo por lugares ermos, sem que se avistasse uma cabana. Ninguém habitava aquelas solidões, aquelas selvas sombrias e úmidas, que pareciam não ter fim.
Conrado sentia-se pequenino diante daquela grandeza: altas montanhas, árvores gigantescas, abismos profundos, rochedos imensos, a vastidão da floresta.
Paravam só para dormir, envoltos nas suas capas de pele e acolhidos nalguma gruta ou caverna, ou então para comer alguma coisa, à beira de um regato, em cujas águas frias e claras lavavam o rosto e as mãos, depois de terem matado a sede.
Viajaram assim uma semana e Conrado não conseguiu que os irmãos lhe dissessem para onde iam e o que pretendiam.
Na madrugada do oitavo dia, os cinco rapazes, com o maior cuidado para não acordar o menino, que dormia fatigado de tanto viajar, puseram-se de volta, abandonando-o perto de um rio, a cuja margem tinham pernoitado.
Deixaram-lhe apenas um pão.
Quando, já alto o sol, Conrado despertou, viu-se só. Pensou que os irmãos estivessem pelos arredores, a caçar, e resolveu esperar que voltassem.
Ora comendo um bocado do pão, ora bebendo água no rio ou apanhando algumas frutas silvestres, de que muito gostava, passou o dia todo, sem nada suspeitar.
A tarde chegou e a mata foi se enchendo de sombras tristes.
Em pouco, tudo ficou escuro. Conrado começou a ter medo e resolveu chamar pelos irmãos. Só os ecos, nas quebradas das montanhas, repetiam seus gritos angustiados.
Convenceu-se, então, de que fora abandonado.
Começou a ouvir de novo o uivo dos lobos, que todas aquelas noites, passadas na mata, tanto o horrorizaram. Agora, que estava absolutamente só, sentia verdadeiro pavor. Parecia-lhe que estava rodeado de feras esfaimadas que em pouco o reduziriam a pedaços...
Chegavam-lhe já os ruídos de folhas secas pisadas, ora aqui, ora ali, como se um dos lobos estivesse a rodeá-lo cada vez mais de perto.
Resignou à sorte. Encostou-se ao tronco de árvore e ali ficou imóvel, quase sem respirar, tremulo de medo.
Os ruídos cada vez mais perto.
De súbito sentiu duas patas lhe calcarem o peito e um forte resfolegar contra seu rosto. Procurou instintivamente defender-se, mas um estrídulo ladrar bem conhecido levou-o a dar um grito de alegria. Era o seu fiel Piloto, que o descobrira ali, e o festejava contente.
Conrado abraçou-se ao cão, como quem abraça o seu salvador. E passou a dirigir-lhe palavras amigas e de agradecimento, perguntando-lhe como tinha conseguido chegar até ali. O cão era para o menino, naquele grande momento, uma pessoa, um semelhante, não apenas um irracional. O fiel Piloto ladrava alegremente, correspondendo ao júbilo de seu dono. Parecia entender-lhe as palavras ao mesmo tempo que lhe sentia os carinhos e afagos.
Conrado já não se achava só no meio da floresta em trevas e povoada de animais perigosos.
Que melhor companheiro poderia desejar?
Agora, sim! Abandonado pelos irmãos, isto lhe parecia já de pouca importância. Restava-lhe esperar que o dia chegasse para tratar de resolver a situação.
Ao lado de seu fiel Piloto, unido a ele como a alguém que o protegesse, dormiu confiante e passou uma noite tranquila.
Piloto, como compreendendo seu dever, vigiou sem descanso.
Nenhum lobo ousou aproximar-se. 
As feras traiçoeiras amedrontam-se e fogem quando sentem que as enfrenta, sobranceiro, um contedor leal.
O cão, sabem vocês, é um símbolo, por ser fiel e demonstrar lealdade,
Quando a luz solar, peneirada pelo rendado das ramagens, começou a brilhar no interior da selva. Conrado abriu os olhos para o novo dia e a alma para a felicidade.
Sim! Era estranho, mas verdadeiro. Ele se sentia contente por ver-se abandonado pelos irmãos. Estes o maltratavam, tinham feios costumes, foram ingratos ao pai, e, afinal, lhe haviam feito, a ele, um pobre menino, aquela crueldade, abandonando-o na mata para que fosse vítima das feras! Mas nenhum ódio lhes tinha, apesar de tudo.
Agora percebia que, longe deles, estava mil vezes mais seguro. E lhes agradecia aquele benefício...
Nós nos sentimos protegidos quando sós, do que no convívio dos maus.
Conrado, entretanto, tinha um companheiro, incapaz de traí-lo: um cão, o seu Piloto! Não estava só.
E assim pensando, abraçou-se ao fiel guarda, que o festejou sacudindo a cauda, ladrando de mansinho, saltando com vivacidade e lambendo-lhe os pés.
O menino repartiu com ele o último pedaço de pão e tratou de procurar o rumo que parecesse melhor, a fim de sair da floresta e encontrar entes humanos que o pudessem ajudar.
Notou, do outro lado do rio, um caminho mais ou menos largo, que terminava justamente na margem oposta, não havendo porém ali nenhuma ponte. O caminho se mantinha mais ou menos conservado, isto é, limpo de más ervas e não muito esburacado.
Devia ser, com certeza, frequentado por pessoas residentes talvez não muito longe. Era provável que se servissem dele para vir ao rio buscar água, pescar, caçar aves ribeirinhas...
O melhor seria tomar por aquele caminho. Como, porém? Atravessar o rio era um problema.
Daria vau? Isto é, poderia ser atravessado a pé?
Conrado tentou passar, com cuidado, e foi avançando enquanto o rio dava pé.
Em verdade não era profundo e o menino continuou devagar, embora já sentisse a força da correnteza.
Piloto seguia também, a nado.
Já no meio do rio, com água quase pelo peito, Conrado falseou o pé, escorregou numa pedra e lá se foi arrastado pela água.
Piloto, porém, segurando-o pela roupa com os dentes e nadando com vigor, levou-o para a outra margem.
Não se descrevia a alegria de Conrado e a gratidão pelo seu humilde benfeitor.
Colhendo frutos silvestres, pois já não lhe restava qualquer migalha de pão, o menino foi seguindo pelo íngreme caminho, sombrio e tortuoso que, atravessando um grande trecho da mata, levava ao alto da montanha mais próxima.
Entretanto, ao contrário do que lhe parecera, não encontrava nenhum morador, e já estava sem esperanças de pernoitar na cabana de alguém que, vivendo naquelas relvas, pudesse dar-lhe pouso. Não lhe agradava a idéia de precisar outra vez passar a noite ao desabrigo, com o seu Piloto, tanto mais quanto pressentia mudança de tempo e com certeza a chuva não poderia demorar.
Apressando o passo, pois acreditou ter ouvido, muito ao longe, quase imperceptivelmente, o canto de um galo. Conrado teve a felicidade de ver confirmado o que supunha: de fato, novamente fez-se ouvir aquele canto, agora mais claro, pois o vento soprava daquele lado.
Piloto, como que percebendo a satisfação de seu dono, mostrava-se também alegre, às vezes correndo para a frente, até bem longe, para depois, em disparada, vir ao encontro do menino, a ladrar vivamente.
Quanto mais avançava, mais Conrado, de ouvidos atentos, percebia certos sons denotadores da proximidade de alguma habitação humana.
Pancadas de martelo, ruídos como os do rodar de uma carroça, latidos de cães...
Piloto estava com as orelhas em pé, e rosnava, farejando inquieto, Tinha naturalmente sentido a proximidade de seus semelhantes e se mostrava agressivo.
Mas Conrado, bem sabia como certos ruídos e barulhos das selvas nos iludem, fazendo-nos pensar em galos, cães, moinhos, quando não passam de sons vindo de longe e produzidos, ora pelo vento nas ramagens, ora pela queda de galhos secos, ora pelo agitado tropel de um animal feroz.
Mas...não se enganava, não! Até o estridente relinchar de um cavalo, ouvira agora perfeitamente.
Aquele caminho desembocou na estrada real, larga, bem cuidada e com sinais de movimento de veículos e pedestres.
Em pouco, deu o menino com o primeiro morador: uma velhinha, à porta de sua casa de tábuas, com o seu quintalzinho, onde havia galinhas, um cão, um cavalo branco...
Dirigiu-lhe a palavra o menino:
- Pode dar-me pouso por esta noite, e recolher meu bom Piloto? Venho da floresta, onde estive perdido por muitos dias e preciso descansar...
A boa velhinha não se negou, antes, com grandes mostras de alegria, mandou entrar o menino para banhar os pés, as mãos e o rosto, comer alguma coisa, antes de deitar-se.
Conrado conhecia algumas histórias de velhas feiticeiras, bruxas e outras mulheres más, que iludiam os pequenos para maltratá-los, quando os pilhavam em suas mãos...Bem sabia que não passavam de simples histórias, bonitas, é verdade, e até engraçadas e sempre instrutivas.
Bem se lembrou delas e até lhe pareceu que ele era personagem de um desses "contos da carochinha" e a velha, uma bruxa, coisa, aliás que sabia ser pura fantasia, para divertir as crianças.
Mesmo que houvesse as tais bruxas, horrendas e perversas, aquela velhinha não seria um desses entes malignos, tão bondosa se mostrava e tão simpática.
Aceitou os oferecimentos da desconhecida: lavou-se, matou a sede, comeu pão, carne e queijo, tudo servido pelas mãos trêmulas da carinhosa mulher, enquanto Piloto se deliciava com uns restos de angu e uns bons ossos, que roeu satisfeito.
Caiu a noite. O menino sentiu-se tão bem a conversar com a boa velhinha, que até perdeu o sono.
Contou-lhe a bondosa mulher que ali vivia sozinha, desde muitos e muitos anos...Era viúva.
- E nuca teve filhos?
- Sim! Tive um, Quando tinha seus doze anos, era assim como você.  É como se o estivesse vendo...
Conrado percebeu que os olhos da velha se umedeceram de lágrimas, que ela procurou esconder.
Teria morrido o menino?
A velhinha contou:
- Não sei se é vivo ou morto... Ele fugiu de casa e nunca mais tive noticias suas. Fugiu ainda menino; já tanto tempo que, se viver, deve estar velho!
Lembrou-se Conrado de tudo quanto o pai lhe havia dito. Coincidência? Entretanto em novas indagações, tudo, afinal se esclareceu, com grande admiração e alegria para ambos.
- Você, Conrado, meu neto!
E a velha, chorando de emoção, abraçava e beijava o menino, que, satisfeito, sentindo-se imensamente venturoso, acariciava a sua vovozinha.
Não é preciso dizer que, naquele momento, raiava para Conrado, a felicidade, que tanto merecia.
Ficou o menino morando com a avó. Tomava conta das criações, fazia plantações, e ajudava no asseio e arranjo da casa.
Conrado não revelou que tinha irmãos. Para quê? Seria encher de mágoa o coração da boa velha, pois teria de contar que eram maus, com o que ela teria de sofrer, pois eram seus netos, sofrendo também por não poder tê-los a seu lado para regenerá-los.

Passaram-se alguns anos. Conrado tornou-se homem casou-se.
Sua avó, já no fim da vida, velhinha, com quase noventa anos, teve a satisfação de ver o primeiro bisneto.
E os anos foram passando...
Uma tarde Conrado, sua mulher e filhos bem como a trêmula vovozinha, estavam sentados no jardim da casinha, quando surgiram na curva da estrada cinco desconhecidos, sujos, andrajosos, verdadeiros mendigos.
Aproximaram-se e pediram auxílio: comida, algumas roupas velhas e pouso por uma noite.
Conrado, desconfiando alguma coisa, tratou de saber quem eram aqueles homens, que lhe pareceram moços ainda, embora maltratados pelo sofrimentos.
Indagando com bons modos, levou-os a tudo confessarem, até mesmo a crueldade que haviam praticado contra o irmão mais novo, abandonando-o no meio da floresta...
- Pois vou-dar-lhes tudo que precisam e espero que fiquem morando, aqui, como meus ajudantes.
Os cinco homens não sabiam como agradecer tanta generosidade,
- Não agradeçam nem me admirem! disse-lhes Conrado. Estou me vingando de vocês...
Os homens se entreolharam, sem compreender.
- Sim, insistiu Conrado, estou tomando a minha vingança. Vocês quiseram me fazer mal, abandonaram-me na mata; pois eu me vingo de meus cinco irmãos, protegendo-os e recebendo-os em minha casa.
Foi uma cena tocante, comovedora. Os cinco irmãos caíram de joelhos aos pés de Conrado, sem nada dizer.
A velhinha veio abençoá-los, rindo e chorando ao mesmo tempo.
Aqueles desmiolados, tendo praticado as mais feias ações e sofrido os mais duros castigos, encontravam, enfim, o bom caminho.
Estavam arrependidos e regenerados.



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